
COMO AS RELAÇÕES HARMÔNICAS ENTRE OS OPOSTOS DEFINE O SUCESSO
O que chamamos de lei dos opostos, lei dos contrários ou, ainda lei da polaridade, está sempre presente em qualquer manifestação, seja no cosmo, onde a matéria e antimatéria se sucede num movimento constante, construindo a existência dos corpos celestes, seja num simples átomo composto de um elemento positivo e um negativo, e ainda um outro elemento neutro. A luz não seria possível sem essa crise de confronto de opostos. Da mesma forma, o encontro entre o masculino e o feminino dá origem a um novo ser.
Precisamos lembrar que cada manifestação do ser num corpo masculino tem sua contraparte interna, inconsciente, feminina. Da mesma forma quando o ser se manifesta num corpo feminino, há a contraparte masculina interna ou inconsciente. A esta parte inconsciente Jung chamou de ânima com relação ao homem, e ânimus em relação à mulher. Esses elementos internos são conhecidos como arquétipos, já explicado num texto anterior como sendo uma qualidade pré-existente. É impossível falar sobre a harmonia dos opostos, em se tratando do ser humano, sem fazer referência aos arquétipos.
Na psique individual – programa que administra todos os recursos da vida – os arquétipos constituem a ponte entre a mente consciente e o inconsciente. Quando não são considerados pela personalidade ou ego eles se projetam sobre as atividades da vida criando toda espécie de crise existencial, pois seu objetivo é a autorrealização, enquanto a personalidade busca a segurança e conformo constantes, algo fantasioso, em verdade.
Jung descreve de forma clara e prática as consequências de não levarmos em consideração a relação com o inconsciente, quando escreve: “...A mulher tomada pelo ânimus corre sempre o risco de perder sua feminilidade, sua persona adequadamente feminina. O homem em iguais circunstâncias arrisca afeminar-se. Tais transformações psíquicas do sexo explicam-se pelo fato que uma função interior – ânima ou ânimus – se volta para fora. O motivo dessa perversão é, naturalmente, a insuficiência ou o desconhecimento do mundo interior que se ergue, autônomo, em oposição ao mundo exterior – aos nossos papeis no mundo – as exigências de adaptação ao mundo interior igualam-se às do mundo exterior”.
Embora a mente inconsciente tenha sido reconhecida cientificamente na obra de Freud, A interpretação dos sonhos, em 1900, até os dias atuais, passados cento e vinte anos, poucas são as pessoas que reconhecem e trabalham com o inconsciente. O grande prejuízo e desperdício que esse desconhecimento causa é que muitos sintomas e crises existenciais são vistas a partir da mente lógica, comparativa. Dessa forma, alguns transtornos que são meros sintomas, são indevidamente medicalizados, às vezes levados à justiça, além de desenvolverem emoções tóxicas como ressentimentos ou sentimento de culpa. As mudanças profundas e rápidas pelas quais nós passamos desenvolveram uma resistência das instituições que mantém o poder, gerando muita luta. Porém, tais mudanças são inexoráveis, haja vista o que acontece com as instituições que, da noite para o dia, perderam a validade, enquanto outras, criadas a partir de novas ideias, adquiriram um poder e valor considerável.
Vivemos a valorização do conhecimento, ferramenta indispensável para a renovação da vida. Com certeza, em todos os aspectos da vida há uma necessidade de renovação, renascimento que somente pode ser conseguido pela própria pessoa. Enquanto estivermos terceirizando nosso poder a outros, por mais qualificados que possam ser, estaremos perdidos e afastados de nossa própria identidade.
Os transtornos de identidade são caracterizados por uma carência de amor próprio.Deixa a pessoa exposta a toda sorte de abuso, que não depende do abusador a solução, mas do abusado que se tornou disponível para a relação sadomasoquista. Nestes casos, e eles são a maioria, a vítima se compraz com seu papel. Por esse motivo é tão difícil se livrar dos vícios, embora se conheça seus prejuízos e desperdícios da própria vida.
Nas relações afetivas, sociais e profissionais, sempre se estabelece um jogo de poder quando os papeis desempenhados nas relações reproduzem o de dominador e dominado, pela expectativa de uma das partes que manifesta necessidade de reconhecimento. Neste caso, a parte que necessita de acolhimento cria uma expectativa baseada em sua necessidade. A outra parte, mesmo que quisesse, não pode atender a expectativa do necessitado, pois não é seu histórico. A partir daí nasce a frustração de quem precisa ser acolhido e esta leva à luta, representada pela exposição subserviente. Então a única solução é resolver internamente a origem da necessidade que queremos evitar. Dentro dessa questão é o que quer dizer Nietzsche quando diz que o que não nos mata nos fortalece.
As relações se tornam cooperativas em uma parceria produtiva quando provêm e são recebidas na alma, não na personalidade, uma vez que a alma não está interessada em julgamentos, ao contrário do ego que faz conta de tudo. Como cada homem ou mulher traz no seus inconscientes a complementação contrária do sexo que representam, e a busca dos relacionamentos representam o estágio interno do arquétipo, ânima no caso do homem e ânimus em se tratando da mulher, somente a relação com essa entidade interna, da contra sexualidade dá o equilíbrio interno necessário a toda personalidade.
Neste sentido, Jung escreve: “...o homem será forçado a desenvolver o seu lado feminino, a abrir seus olhos para psique e para Eros. Esta é uma tarefa que ele não pode evitar, a menos que prefira rastejar atrás de uma mulher como um menino desesperado, adorando de longe, mas sempre correndo o risco de ficar escondido atrás dela... A ânima é de índole erótica e emocional...por basear-se na projeção da própria ânima - sua busca pela mulher- costuma ser errado a maior parte do que os homens dizem a respeito da erótica feminina, como também sobre a vida emocional da mulher.” James Hillman, ânima, Editora Cultrix, São Paulo, 1995.
Acredito que o que homem considera da erótica feminina é apenas a questão instintual da sexualidade, escapando-lhe por completo a noção de um Eros muito mais amplo, como
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